Se não houvesse lágrimas não seria fim. Se eu não fizesse as
malas ainda vagaria por aí. O tempo correu desenfreado e me atropelou. Fui rechaçada sem aviso prévio, ainda que as
pistas, os sinais, as desconfianças estivessem por todo lado. Em cada canto, dentro
e fora de mim.
Quer aprender coisas nessa vida? Experimente cair. Rale os
joelhos, se embole na dor e se brincar, antes que uma estação acabe, estarás
sabendo o que é ruir com um riso frouxo nos lábios. A vida é dura e te endurece
se você resiste a ela. Quer um conselho? Não resista. Siga o ritmo, acompanhe o
compasso, não emburre e nem pergunte o porquê. Seja forte, mas não soberbo.
Atente pra ver que no fim das contas é Deus quem sabe o que é melhor pra você.
Se é Ele quem desenha os tempos, os fins e começos, os ciclos e estações, entendo
que sou gente miúda, que às vezes na vida é em vão a luta e o mais correto
é afrouxar e seguir.
O tempo não há de tapar os buracos que as circunstâncias
abriram no peito, mas ele ajuda a fazer com que a alma floresça, cresça,
amadureça. A gente passa a olhar as coisas com menos pressa, com mais leveza. A
gente chora baixinho, agradecendo pelo trânsito livre, ou por vencer os nossos
pequenos desafios diários.
Ainda não vivi muito, mas sei que ainda há tanto pra se ver.
Posso sentir que tem tanto sol lá fora pra curtir, tanta gente pra conhecer,
instantes pra surpreender, coração pra se valer. A vida aperta a gente mesmo,
não espere sair isento, mas ela nos devolve ao mundo muito mais valentes e
ousados, muito mais constantes e apaixonados. E aí reside o bonito dessa
loucura toda: os fins nos dão vida. Quem não acredita em ressurreição pode ir
repensando seus conceitos, porque os nossos sonhos e poemas, canções, há muito
esquecidas, ressuscitam todos os dias mundo a fora. Todo dia tem gente rompendo
casulos e vivendo.
Um fim me fez assim: me jogou pra fora sem asas nem forças.
No começo o voo é baixo, rasteiro, só pra se manter, depois os ventos ajudam e de repente
estamos desfrutando a brisa das copas.
E você, tem esperado o quê pra
ressurgir? Tem esperado o quê pra florescer de um fim?
Carolina Santana, Conselhos pós fim, 28 de agosto de 2016.
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