31 dezembro 2016

O último céu nublado de 2016!


Não sei porque me emociono, me borro, choro. Será o fim de mais um ano ou será que é porque é fim e eu odeio fins? Será que é porque voltei pra 2010, na época em que eu só escrevia sonetos, tinha um muso inspirador e aspirava tanta coisa? Fotografia. Estudar longe. Escrever. Causar. Eu enrolei meu cabelo com retalhos de uma vida, só pra ser, quem sabe, mais adulta, livre e solta.
Mas de repente, justamente nesse tempo de devaneios e anseios, me vi tão presa, tão prematuramente apaixonada, tão pequena, tão pouco pra o tudo que eu queria...

Mais um dezembro e uma nova relação de amor e ódio com esse mês de afeto e reflexão. O mês que me deixa sensível, manteigona, à flor da pele.

Depois de voltar e lembrar já sei porque me emociono e choro e a voz já não resiste, e a garganta se fecha! Lembro dos dias felizes e de querer tão pouco, apesar de sonhar alto. Lembro que escolhi minha profissão porque me apaixonei pelas palavras, lembro do caderninho, da revista amassada, da mão estendida, do céu laranja... Choro porque me apaixonei, mas se apaixonar é breve demais, instável demais, é emoção de menos pra um coração tão intenso e dramático como o meu.

Me emociono e já sei que a esperança bagunça tudo em mim e que essa passagem, que depois de adulta vejo que é tão simbólica, me marca pra um novo tempo. Um tempo de sensatez e calma, um tempo com menos pressa e mais alma. Um momento de bater asas, reler sonetos, despedir-se sem ir, um tempo de ficar sem chorar. Um tempo de amar.

Carolina Santana, O último céu nublado de 2016, 22 de dezembro de 2016


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